O homem deita-se à sombra do medo dos
outros
carrega sobre a curvatura das costas a
pele cansada do casaco velho
nenhuma palavra sai da boca caída no
rosto
apenas a forma negra da solidão
envolve o corpo
no caminhar independente dos pés o
homem arrasta-se
o chão funde-se aos ossos
e apenas uma sucessão de movimentos
liberta a engrenagem ferrugenta
o cheiro humano circula pelas ruas
o homem não toca no ar que o envolve
é um conjunto de retalhos desenhados
na pele enrugada
o homem não fala com o homem