18 novembro 2018

Musa


Porque me fugiste? Ou será que observas reclusa o tremor das minhas mãos quando pergunto por ti? Consegues ver o meu chamamento? A música que me percorre em silêncio és tu. Quando não encontro o teu olhar sinto o congelar mórbido dos ossos. A folha em branco apresenta-se ao ser imortal que me habita e exige, na sua lasciva sensualidade, que eu a faça viver. Como posso criar se tu não apareces? Onde foste? Sentes o meu sofrimento? Grito nos meus sonhos. Nada em mim é concreto sem ti, tudo se desmorona quando não sinto o teu vibrar no meu centro vermelho. Volta. Volta para sempre e nunca me abandones. Pois eu sou imortal e és tu quem me faz viver.