Porque me fugiste? Ou será que
observas reclusa o tremor das minhas mãos quando pergunto por ti?
Consegues ver o meu chamamento? A música que me percorre em silêncio
és tu. Quando não encontro o teu olhar sinto o congelar mórbido
dos ossos. A folha em branco apresenta-se ao ser imortal que me
habita e exige, na sua lasciva sensualidade, que eu a faça viver.
Como posso criar se tu não apareces? Onde foste? Sentes o meu
sofrimento? Grito nos meus sonhos. Nada em mim é concreto sem ti,
tudo se desmorona quando não sinto o teu vibrar no meu centro
vermelho. Volta. Volta para sempre e nunca me abandones. Pois eu sou
imortal e és tu quem me faz viver.