Ao colocar nas minhas mãos as palmas dos outros sinto o esvaziar das linhas, agora redesenhadas numa obra de arte comum.
Por vezes, quando acordo, sinto que o dia anterior não terminou; perpectua nos passos a continuidade das horas. O tempo agarrado aos músculos forma uma massa indiferenciada, e mostra-me que apenas existe intemporalidade.
É no primeiro respirar exterior, repleto dos cheiros espessos da cidade, que vejo como a poesia é a única forma de viver. O seu assassínio constante nasce da sua condição imortal.
É ao matar que percebemos que nunca morre; e apenas nela reside a força vital que nos permite existir.