Uma esfera transparente cai sobre mim
a leveza extrema da sua beleza cega-me
desejo transformar-me na sua invisibilidade
preciso sentir a multiplicidade de cores que ela recorda
à minha volta circula uma conversa sem palavras
um som que me acaricia e conforta o corpo que perdi
tudo é perfeito e vil
a fome atormenta o espaço onde outrora vivia o meu sangue
na ausência da matéria vejo a densidade do vazio
sinto a revolta da saudade e afugento a tristeza que encobre o brilho daquilo que existe
uma esfera transparente cai sobre as minhas mãos e mata a minha fome
mostra-me como tudo permanece
ensina-me a ser infinita
volto a sentir o pulsar interior do ser
deixo-me invadir por saudações imortais
não existe um final
eu reencontro-me no todo